sábado, 15 de abril de 2023

O machismo na mídia: uma reflexão sobre a parcialidade patriarcal nos veículos de comunicação

 Por Paulo Lima

Recentemente, no reality show mais visto do país, Big Brother Brasil 23, dois participantes foram eliminados pela direção do programa ao mesmo tempo por cometerem crime de assédio dentro da casa contra uma participante mexicana que passava alguns dias na dinâmica brasileira, Dania Mendez. O apresentador do reality, Tadeu Schmit, anunciou a eliminação de Mc Guimê e Cara de Sapato, ao vivo, na noite de quinta-feira, 16/03. 

Desde a noite do dia 15 de março, festa em que aconteceram os momentos de assédio dentro do reality, a pressão sobre os realizadores do programa aumentou. Os comentários gerados nas redes sociais, espectadores pressionando a direção do programa, familiares e parentes dos assediadores sendo pressionados por um posicionamento, e, ainda, o repúdio divulgado dos patrocinadores do reality. É importante citar a influência que a opinião pública gera sobre o BBB, tendo em vista que eles sustentariam a audiência e popularidade do programa. Não há como desconsiderar o que os espectadores apontam e cobram do produto que consomem. A emissora aguardou algumas horas até de fato anunciar uma determinada decisão a respeito do crime ocorrido dentro da casa.



  Arrisco a dizer que se não houvesse a pressão da grande massa envolvida e do patrocínio em jogo, o fato poderia ter passado despercebido, como já aconteceu em outras ocasiões. O participante Pyong Lee também foi muito criticado ao apalpar a bunda de sua concorrente dentro da casa na 20ª edição do reality, e na mesma época, Petrix também foi julgado por, segundo a audiência, “passar do ponto” ao tocar em outra participante daquela mesma edição. Ambos não foram expulsos, sendo só então eliminados pela votação do público em determinados paredões. Por se tratar de uma participante de um outro reality, em outro país, além da opinião dos seus consumidores, a direção do programa, ao eliminar os participantes, se mostra sensível aos humores - indignação ou tolerância - do público consumidor e não uma atitude civilizatória, de real repúdio a atos real ou potencialmente odiosos.


O assunto ficou nos primeiros lugares do Twitter e em páginas de fofoca. O programa “Fofocalizando” foi um dos que participaram ativamente da repercussão do caso. Através disso, estamos acostumados a compreender e consumir uma certa parcialidade vinda de programas jornalísticos de entretenimento e variedades. Mas em certo ponto a opinião do apresentador se torna uma reprodução de algo problemático enraizado na sociedade. 

Léo Dias, apresentador do Fofocalizando, esteve comentando sobre os envolvidos durante o programa. Segundo o jornalista, Lexa, esposa do cantor Mc Guimê, um dos acusados de cometer assédio, não deveria terminar seu casamento pois, segundo ele, “uma passada de mão na bunda não é motivo para terminar um casamento”. 

A fala gerou um incômodo de outro colega apresentador do programa e a situação virou uma leve discussão. O que convém pensarmos é o peso desse discurso em um programa nacional. Sabemos e entendemos que através dos veículos de comunicação os jornalistas tem o papel de contribuir para a manutenção da nossa realidade ou também para reproduzir uma raiz problemática. Léo Dias, branco, em uma posição de privilégio de informação por ser visto por milhões de brasileiros dita a sua opinião a respeito de como uma mulher deve reagir a uma traição ou falta de respeito no casamento.



Percebemos episódios como este sendo reproduzidos frequentemente em nosso cotidiano. Homens que ditam o que mulheres devem ou não fazer, devem ou não usar, como devem ou não se comportar, se vestir homens expondo sua opinião no que diz respeito a decisão de mulheres e os perigos que elas correm de serem violentadas pelos… homens que as “aconselha”. 

Obviamente, por ser uma prática estrutural, isto é, invisível e irrefletida, de modo que não é reconhecida como violência, reflete indiretamente no meio profissional do jornalista, que, por sua vez, ter alcance público para sua voz, reforça posições consolidadas, reiniciando o ciclo de violência.

Ao minimizar uma “mão boba” do participante, Léo Dias não se coloca no ato de sensibilizar com a ideia de influência no espaço que ocupa, em qual discurso ele quer transmitir para milhões de pessoas que estão assistindo. Já percebemos outra falha de ética do mesmo jornalista ao expor erroneamente Klara Castanho em outro momento. A sina de se expor e se posicionar em determinados casos ultrapassa os limites da ética da profissão e influencia na opressão de gênero já vivenciada por muitas mulheres, onde suas decisões são desqualificadas por opiniões de perfis, na maioria, homem, cis, branco e hétero.

Desse modo, profissionais da comunicação precisam de um cuidado redobrado em suas opiniões “sem consequências” - pois elas sempre têm consequências, muitas vezes muito sérias. 

Entender como essa prática atua na audiência através de um posicionamento em um lugar de privilégio. A pressão pública importa, a sociedade sabe falar aquilo que sente. Entretanto, convém refletirmos o real interesse das grandes mídias e profissionais da comunicação em lidar com essas causas sociais, visto que muitos se utilizam de discursos feministas e de igualdade enquanto em seus atos cometem o contrário. 

Não é em vão que a emissora Rede Globo não irá tirar os prêmios dos acusados de assédio, e eles podem aparecer na cerimônia da final do reality desta edição. 




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segunda-feira, 10 de abril de 2023

Nos jornais, se a pauta é violência contra a mulher, é preciso falar sobre machismo

 Por Ana Laura Corrêa 



Uma busca rápida no Google permite identificar o teor das matérias publicadas em veículos de jornalismo em Divinópolis relativas ao dia da mulher: grande parte delas abordava a data como uma comemoração, conforme indicam os títulos a seguir:


“OAB Divinópolis comemora Dia da Mulher com ‘1º Café com Elas’” (Agora);


“Dia Internacional da Mulher tem programação especial em Divinópolis e Itaúna” (G1);


“Agência de publicidade de Divinópolis viraliza com ação de endomarketing para Dia das Mulheres”.


Mas onde está, nos meios de comunicação da cidade, a abordagem relativa à violência enfrentada todos os dias pelas mulheres? Afinal, a data foi instituída não como uma comemoração, mas como uma reflexão quanto à busca de direitos básicos pelas mulheres.


Encontramos dois textos. Um deles, publicado pelo G1, que traz no título “Lei prevê acolhimento às mulheres vítimas de violência e discriminação”, e outro, divulgado pelo Jornal Agora, intitulado “Março fecha com violência crescente contra as mulheres”.


No primeiro deles, a única fonte com fala na matéria é um homem, o vereador Roger Viegas. No segundo, a Polícia Militar. Será que essas fontes têm “lugar de fala” suficiente para falar sobre as mulheres? Onde estão as falas das mulheres? Mas não qualquer mulher, também. De mulheres que entendem e estudam sobre as mulheres, sobre machismo, sobre o patriarcado, sobre misoginia.


Embora tragam assuntos relevantes para as mulheres, procuramos nos textos e não encontramos, em nenhum deles, uma referência à palavra “machismo”. Porque, se vamos falar de violência contra a mulher, é necessário falar do machismo, que está na raiz dessa violência.


Conforme a filósofa italiana  Silvia Federici, o machismo, ao lado do racismo, é um dos pilares sobre o qual o capitalismo se sustenta. Esse modo de produção precisa atacar as mulheres para sobreviver, de modo que elas permanecem restritas ao ambiente de casa, desempenhando um trabalho afetivo e/ou doméstico não remunerado, ou estão, em sua maioria, em postos de trabalho precarizados, que não possibilitam sua efetiva emancipação. Mas, em ambos os casos, estão sempre sob o controle dos homens.


Voltando às matérias, é preciso, então, falar sobre o machismo porque senão casos de violência registrados na cidade ficam parecendo registros isolados, cujas causas são atribuídas ao “ciúme” dos criminosos, e as soluções passam a ser, simplesmente, o pedido de “pena de morte” ou a “castração” de estupradores, por exemplo. 


Mas as razões (embora injustificáveis) são muito maiores do que isso e englobam todo um sistema que violenta mulheres todos os dias, das mais variadas formas. E a solução também vai muito além de uma pena de morte ou de uma castração. 


É preciso que esse debate aconteça, que se fale sobre machismo, sobre misoginia, só isso pode ajudar a trazer uma consciência crítica para homens e mulheres.


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CENAS DA TRAGICOMÉDIA BRASILEIRA

Participação de Pedro Cardoso na CNN expõe a profunda crise por que passa o jornalismo no Brasil


Por Gilson Raslan Filho


Há alguns dias, circulam nas redes sociais cortes de vídeo da participação, no dia 24 de março, do ator e comediante Pedro Cardoso na filial brasileira da rede de TV fechada CNN. Cardoso, que interpretou o hilário malandro Agostinho Carrara da segunda versão da série A grande família, veiculada por 13 anos, até 2014, na Rede Globo de TV, provocou mal-estar na bancada de jornalistas, escalada para debater os assuntos do dia e que convidou o ator para participar.



As razões para a participação de Pedro Cardoso são um grande mistério – e uma mostra da forma aleatória, para sermos, neste início de reflexão, modestos, com que o jornalismo brasileiro “profissional” tem sido produzido. Esse foi, aliás, um dos muitos problemas abordados pelo ator.



A bancada do CNN Arena discutia havia alguns minutos o plano do grupo de crime organizado PCC para matar autoridades brasileiras, incluindo o ex-juiz e agora senador da República Sérgio Moro. O mediador da bancada então deu a palavra ao ator, que iniciou uma fala articulada e dura, muito dura e metadiscursiva contra o tema, os jornalistas, o canal e sua própria participação como debatedor naquele programa. 

De início, o ator questionou a razão de uma “figura irrelevante” e “desprezível” como Sérgio Moro, alguém que “como juiz, combinou com o acusador” formas de prender uma pessoa – nesse caso o Presidente Luís Inácio Lula da Silva. Disse ainda que aquele programa, uma “arena de debates”, era uma fraude, pois produzia monólogos autocentrados, nunca debates e, por consequência, “imobilidade do pensamento”.

Os jornalistas, atônitos, chegaram a argumentar que aquela seria apenas uma posição do ator; que, da mesma forma como ele não gostava de Moro ou do ex-presidente Jair Bolsonaro, havia quem não gostasse de Lula. Pedro Cardoso voltou a carga: os fatos não permitem que haja a menor possibilidade de colocar em um mesmo patamar moral e discursivo quem provocou tanto mal à democracia brasileira e quem, mesmo errando, a defende.

Em seguida, questionou a própria participação naquele programa: por que um ator comediante seria convidado para debater temas do cotidiano político brasileiro? Quais seriam as “edições invisíveis” aos telespectadores que construíam discursos da CNN, de seus jornalistas, seus editores e seu proprietário, o bilionário empresário mineiro, notório apoiador de Jair Bolsonaro, Rubens Menin?

Os jornalistas tentaram manter a placidez, mas a analistas mais atentos o estrago já havia sido feito: aquele esforço por igualar o inigualável; aquela luta por estabelecer uma simetria quando os fatos não o permitem só demonstram que o jornalismo autointitulado profissional brasileiro vive uma crise sem precedentes, entre uma falsa deontologia do “dois-ladismos”, a espetacularização e o excesso de opinião, sem necessariamente se basear em fatos, circulante nas redes sociais.

Os fatos, aliás, nos dias que se sucederam, parecem ter dado razão a Pedro Cardoso. 

No dia 24 mesmo, uma das jornalistas mais visadas pelo fascismo então no poder, Vera Magalhães, disse, em sua coluna de O Globo, que Lula se iguala ao pior do bolsonarismo. 

No dia 25, sexta-feira, Sérgio Moro, em sua conta no Twitter, alimentou a suspeita de que o presidente Lula talvez tenha razão quando diz que o tal plano para assassiná-lo cheira a armação, em uma mensagem grosseiramente politiqueira, mas que reitera seu modus operandi

Na segunda-feira, dia 27, o advogado Rodrigo Tecla Duran, que há anos pedia para ser ouvido e naquele dia teve seu depoimento colhido pelo juiz Eduardo Appio, disse ter provas de que Sérgio Moro cobrou propina para não implicar investigados nos processos da Lava-Jato. A mídia “profissional”, que nunca teve a curiosidade de perguntar o que o advogado tinha a dizer, deu apenas notas pouco destacadas para o fato e obviamente não escalou equipes para apurar sobre as denúncias.



No dia 30, véspera do aniversário do golpe militar de 1964, editorial da versão impressa da Folha de S.Paulo afirmou que o bolsonarismo poderia ser uma oposição saudável ao “petismo” se deixasse de ser... bolsonarismo. Mas que isso “infelizmente” não aconteceria. O editorialista correu para mudar o texto na versão online – e retirou o “infelizmente”. 

No meso dia 30, a CNN cobria de forma ostensiva e como fato relevante a chegada ao Brasil e a frustrante recepção – para os planos do ex-presidente fascista que enfrenta um sem número de acusações, desde genocídio a vários esquemas de corrupção – de Jair Bolsonaro depois de sua suspeitíssima fuga para os EUA. 

Os fatos, todavia, não têm interessado ao jornalismo profissional.

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segunda-feira, 3 de abril de 2023

GRAVE: Quando o objetivo de engajar ultrapassa o compromisso com a informação

 Por Ariane Stefanie,

Na era da informação, quando a tecnologia se faz cada vez mais presente nas interações sociais, com a velocidade da rede e com a hiperconectividade, o imediatismo é cada vez mais requisitado. Com isso, o jornalismo precisa se adaptar às novas formas do fazer jornalístico e se reinventar,de modo que a mensagem consiga alcançar um público de maneira eficaz, isto é, que fure “bolhas”, gere engajamento orgânico e seja, o conteúdo mesmo, um acontecimento. Porém, a facilidade obtida por meio das tecnologias também carrega um desafio: como fazer isso sem cair no sensacionalismo, desinformação e sem utilizar as infiéis estratégias de clickbait? 

O fenômeno Choquei é algo interessante de se observar para a compreensão do fenômeno. Com 4,5 milhões de seguidores no Twitter e 19,2 milhões no Instagram, o portal, que se autodenomina como “sua principal fonte de notícias, com tudo sobre os acontecimentos mais recentes do Brasil e do mundo”, possui um alcance gigantesco nas plataformas digitais. Com linguagem de fácil entendimento, “GRAVE” e “URGENTE”, com emojis de sirene antes de quase todas as publicações, pouco texto e mais recursos visuais, a Choquei consegue chamar a atenção dos usuários e obter o que muitos portais jornalísticos não conseguem: Engajamento. Então, qual o problema?

A polêmica que permeia Choquei está justamente no que foi dito inicialmente, que, embora recursos de aderência do consumidor utilizados desde sempre, quando banalizados ou têm seu uso indiscriminado, são prejudiciais ao jornalismo: sensacionalismo, desinformação e estratégias infiéis de clickbait, conteúdos produzidos apenas para gerar “cliques”  consequente monetização. 

Em um dos vários exemplos que podem ser citados, a página fez um tweet em que dizia que "dezenas de milhares de corpos" estavam nas ruas de Kiev, capital ucraniana, no início da Guerra entre Rússia e Ucrânia. Cerca de 12 horas depois, o post foi desmentido pela Lupa, mas já acumulava mais de oito mil retweets e cerca de 37 mil curtidas, apenas no Twitter. 


Postagem feita pela Choquei, no Twitter  (Reprodução/Redes Sociais)

O conteúdo apresentado pela página, na maioria das vezes, segue esse mesmo padrão. As informações dadas pela Choquei não possuem fontes, nem mesmo é feito um trabalho de apuração ou então, no pior dos casos, são tiradas de contexto ou exageradas, para gerar movimentação nas redes. Ou seja, o objetivo do portal, nunca foi o de informar, e sim, de engajar, visto que não há, em seus conteúdos, um trabalho jornalístico, nem mesmo um compromisso com a verdade dos fatos.  

A publicação foi feita há cerca de um ano. O que significa que a equipe da Choquei poderia, de alguma forma, ter compreendido o quão prejudicial é o tipo de conteúdo que promove, certo? Bom, isso não parece ser uma realidade tão próxima. Ainda nesse mês de março, a página veiculou um vídeo do TikTok, em que tratava sobre as diferenças de detergentes pelas cores. No vídeo compartilhado, a pessoa fala que o detergente verde, usado para tirar cheiros fortes de louças, pisos, vidros e estofados, seria para lavar o rosto. 


(Reprodução/Redes Sociais)


A publicação, que conta com mais de sete milhões de visualizações, continua na plataforma, mesmo após diversos comentários os acusando de distribuir fake news e não possuir responsabilidade com seu público. Apesar de a Choquei trazer uma reflexão importante sobre os formatos adotados pelos veículos “tradicionais” para a veiculação de informações e os desafios de se engajar nas redes digitais com conteúdo jornalístico, a página é um desserviço e não possui responsabilidade com seus milhões de usuários que a acompanham.  Para finalizar, digo: Não use detergente no rosto e principalmente, não faça da Choquei a “sua principal fonte de informações”. Nenhuma das duas decisões te trarão benefícios no final.




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segunda-feira, 27 de março de 2023

O Observatório Pluris está de volta e com uma nova equipe!

Como jornalistas, estamos sempre em uma constante busca pela evolução! 

 

Mais um ano acadêmico começando e, felizmente, mais um ano de Pluris! O Observatório da Mídia, da Cidadania e da Democracia é um projeto de extensão da Universidade do Estado de Minas Gerais, que atua como um espaço de análise crítica de cobertura da mídia sobre os acontecimentos cotidianos. Por meio dele, identificamos e valorizamos as melhores (e piores!) práticas jornalísticas existentes em nível local, regional e nacional, a fim de oferecer um instrumento de reflexão aos jornalistas em geral e orientar a recepção crítica de notícias pelo público. 


O ano de 2022 foi um ano de muitos debates, temas essenciais e coberturas de grande importância. Por isso, na expectativa de maior alcance e melhorias em nosso Projeto, é com muita satisfação que comunicamos a todos que a nossa Equipe cresceu! Em breve nossos leitores poderão desfrutar de textos semanais e discussões atuais sobre esse mundo jornalístico!  


Acompanhem aqui, no nosso site, e no nosso Instagram @pluris.observatorio! Será um prazer ter você por aqui por mais um ano! 


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domingo, 20 de novembro de 2022

Até quando o jornalismo brasileiro será machista?

 Por Laís Abreu 

 


Nos últimos dias, o nome da futura primeira-dama Rosângela Lula da Silva, mais conhecida como Janja, tem sido assunto frequente nas redes sociais. O motivo é a série de ataques que vem recebendo de veículos empresariais de comunicação. 

 

A jornalista Eliane Cantanhêde, comentarista política e colunista, durante o programa Em Pauta, da GloboNews, afirmou que existe um "incômodo" com a participação política de Janja.  Ainda que o jornalista André Trigueiro tenha tentado defender Janja dos comentários de Eliane, o mal já tinha sido dito.  "Acho importante demolir esse termo. (...) Eu acho que a gente tem que reinventar palavras e expectativas em relação ao papel da mulher do homem mais poderoso do Brasil. Já ficou muito claro que, nesse governo, não será propriamente alguém que vai cumprir o papel de dona de casa subserviente ao marido", disse André. 

 

Dias se passaram após o primeiro ataque e Janja voltou a ser destaque. Ela concedeu uma entrevista exclusiva ao Fantástico, da TV Globo, cuja repercussão fez a misoginia voltar a aparecer. Logo após, o jornal O Globo publicou um editorial que, em linhas gerais, reafirma a opinião de Eliane Cantanhêde. O jornal afirmou que, comparando com a esposa de Bolsonaro e cônjuges de outros candidatos, o papel de Janja na campanha se sobressaiu. O fato é que, dia após dia, não importa como Rosângela se comporte, para os jornalistas o foco é a oprimi-la, considerando que a julgaram até pelo preço da camisa que vestia enquanto era entrevistada no programa da Globo.  

 

Isso nos mostra que a inferiorização das mulheres é estrutural, realizado diariamente de forma “natural” e é um projeto de poder. Enquanto as primeiras-damas cumpriam um papel prescrito, estava tudo bem, apenas o silêncio obsequioso de que tudo estava em seu devido lugar. 

Os jornalistas somos profissionais do discurso e do enquadramento dos acontecimentos da realidade. Isto é: o que dissemos é compartilhado como valor corrente nas relações sociais e forja a realidade. E somos ensinados a manter um espírito cético. É dever do jornalista, portanto, manter-se duplamente atento contra as formas de opressão que parecem tão inofensivas. Ao contrário: se a obsessão do jornalista é o convívio democrático, é necessário agir para promover a igualdade entre mulheres e homens. Que viva a Janja e que viva seu protagonismo! Que se mantenha vivo o protagonismo de todas as outras mulheres que não se calaram ao senso comum quanto ao seu papel na sociedade. E que viva também jornalistas como André Trigueiro, que entendeu a importância de lutar contra esses discursos.


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O Agronejo: a relação da música sertaneja com o agronegócio

 Por Laís Abreu 



O sertanejo, como gênero musical, tem suas raízes na chamada música caipira, de longa tradição no Brasil . Apenas a partir da década de 1970, com a intensificação do êxodo rural e o fenômeno da industrialização do campo, o sertanejo, tal como conhecemos, emerge, mas ainda assim com temáticas sobre o modo de vida do homem do campo, a nostalgia, a romantização de um campo idílico. A partir daí, todavia, a rápida transformação do cenário do agronegócio em um mundo globalizado, transformou o gênero, então chamado de “sertanejo universitário”, que passou a tematizar formas o homem  abandonado, traído e cada vez mais bêbado.

 

Não é novidade para ninguém que o que turbinou o sertanejo universitário foi o investimento milionário do agronegócio. A indústria busca criar uma imagem do homem de bem e do campo, construindo um estereótipo forte de que o “agro é pop, o agro é tech e o agro é tudo”. E se aproveitou disso, para lançar o que chamamos de “agroboy”. O termo se refere aos fazendeiros, que andam de caminhonete, se vestem como cowboy e são os verdadeiros riquinhos da zona rural. Normalmente, um “agroboy” é bem sucedido, malhado e ainda ostenta uma vestimenta super característica. 

 

Se há 20 anos fosse perguntado às pessoas na rua o que é o agronegócio, uma boa parte delas não saberia responder. Hoje, a resposta consensual é “a indústria que alimenta o país”. Paralelamente, houve um incremento da indústria cultural, que abandonava a tendência das décadas de 80 e 90, o axé soteropolitano, para investir massivamente no sertanejo universitário. As letras dessa nova vertente musical, surgem como forma de aguçar ainda mais toda essa imagem positiva do agronegócio. A rápida ascensão de estrelas do gênero, com sua verdadeira fixação com a ostentação, foi mais um elemento para a fama - e a certeza de que o agro de fato é a indústria riqueza do país.

 

Assim, vai se construindo a imagem do “agroboy” e do “agronejo” que veio para operar como máquina nessa propaganda da indústria agropecuária, escondendo todo o desastre humanitário e ambiental do setor. O investimento vai muito além de shows - aliás, como recentemente descoberto, pagos com cachês milionários originários dos recursos parcos de cidades paupérrimas dos rincões brasileiros. E tudo feito sem a devida transparência pública -, mas também na própria divulgação dos cantores sertanejos em rádios, novelas e feiras de pecuária, não esquecendo dos programas de agro e das campanhas realizadas a favor dele.  

 

Não é meramente um sucesso orgânico, vindo apenas pelo gosto das pessoas, ele é produzido através dos recursos midiáticos do país. No entanto, é preciso que a sociedade em geral se atente que atrás dessa famosa “modinha”, infelizmente, temos uma série de problemas que essa indústria do agronegócio esconde.  


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segunda-feira, 17 de outubro de 2022

O debate virou lacração

 Por Laís Abreu

As eleições deste ano, entre outras lições, colocam em dúvida o formato dos debates e sua utilidade no processo democrático

 

 

Com a chegada de Jair Bolsonaro na presidência em 2018, sem ter tido grande tempo de campanha televisiva devido ao fato de ter sido vítima de uma facada, tivemos uma mudança na forma como o Jornalismo Político era realizado no Brasil. A ascensão das mídias digitais nesse processo acabou tomando uma proporção maior, no qual as pessoas se expressam mais e replicam a todo momento tudo que é publicado, por isso, para os candidatos à presidência no país, um debate em rede nacional, vai muito além de informar o povo, mas fazer seu próprio marketing pessoal.

Na era política que vivemos, quem assistiu ao debate presidencial da Rede Globo no último dia 29 conseguiu observar a desvão ético, focado em troca de farpas, pegadinhas, alvoroço, perguntas e respostas com intuito de lacrar nas redes sociais, sem ter foco no que realmente importava: o presente e futuro do Brasil. Os internautas chegaram a questionar qual o critério dos escolhidos para participar, considerando que o candidato do PTB, Padre Kelmon, desequilibrou a mesa, inclusive o apresentador William Bonner. Aqui valem a ressalva e o esclarecimento: a lei eleitoral brasileira indica que participam dos debates os candidatos cujos partidos têm superado a cláusula de barreira eleitoral no Congresso Nacional.

 

Seja como for, os debates deste pleito mostram que não apenas a lei eleitoral precisa ser atualizada -  os próprios debates estão desgastados, seu formato já não atrai e muito menos cumpre o papel de esclarecimento público a que se destinam. O que os candidatos querem é vender frases de efeito que a equipe de marketing fará circular naquele mesmo segundo. Um exemplo disso foi a concorrente Soraya Thronicke (UB) ao chamar o opositor de ‘’padre de festa junina’’ que virou meme. 

 

O que se observa é uma criação de material que vai circular e favorecer os candidatos, mas que nada ajudam na democracia, considerando que pouco esclarecem os objetivos dos participantes. O circo é armado e tudo que nele é dito serve apenas como vitrine para as outras formas midiáticas existentes. 

Uma solução para esse show de horror e desqualificação do jornalismo político na TV seria diminuir os embates e guerras entre os pretendentes à presidência e colocar mais a participação do povo. Além disso, uma opção fundamental é informar ao telespectador, ao vivo, sobre o que é dito pelos participantes, haja vista que muitos propagam dados errados e muita fake news, como fez Ciro Gomes (PDT) ao afirmar: "60% das nossas escolas já são em nível médio em tempo integral." Sendo que o dado correto corresponde apenas a 45% segundo o Censo da Educação Básica de 2021.

Que o Marketing eleitoral seja colocado à parte, essa nova ordem da comunicação política, conectada a outros diversos fatores, traz a cobertura jornalística um desafio a rever os padrões e assim diminuir o palco dado para propagação de discursos insustentáveis. Dessa forma, o jornalismo político brasileiro conseguirá atingir maior credibilidade. 


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segunda-feira, 10 de outubro de 2022

A gravidez de Cláudia Raia e a insensibilidade diante de uma mulher grávida


Por Laís Abreu,

 

No dia 19 de setembro, a internet foi surpreendida por uma notícia: a atriz Claudia Raia revelou, por meio de seu Instagram em um vídeo no reels, que estava grávida aos 55 anos. Com dois filhos adultos, ela já havia entrado na menopausa, mas sonhava em dar à luz a uma criança advinda de seu relacionamento com Jarbas de Mello, com quem se casou em 2018. 

 

A notícia - e as críticas, costumeiramente maliciosas - se espalharam rapidamente. No jornalismo, não foi diferente. O Jornal Folha de S.Paulo, por meio da coluna “Colo de Mãe” escrita por Cristiane Gercina, teve a audácia de publicar uma matéria com a manchete “A gravidez de Claudia Raia e o desserviço a quem tenta engravidar”. Com uma chamada no perfil do jornal no Instagram, artistas como Tatá Werneck e Sasha Meneghel deixaram sua indignação nos comentários do post.  

 

Uma matéria invasiva e etarista, que questionava a omissão de Claudia, ao optar por não anunciar que tinha feito fertilização in vitro, um procedimento feito em laboratório, em uma idade considerada avançada para a reprodução. Diante de um jornalismo como esse, observamos que mulheres são massacradas todos os dias e, de diferentes formas, somos cobradas por simplesmente existir e enquanto o próprio jornalismo brasileiro fomentar esse ódio nada irá mudar. 

 

Com tantas pautas importantes, tantas coisas boas a se noticiar e falar sobre a gestação de uma mulher, cobrar um posicionamento sobre o método de gravidez, que não foi escondido em momento algum, considerando que em entrevistas de 2020 e 2021 o casal sempre relatou a vontade de serem pais e também sobre o congelamento de óvulos, demonstra que há muito a melhorar.  

 

Em pleno século XXI, nas vésperas de uma eleição importante e decisiva no país, um dos principais veículos de comunicação dá espaço para uma mulher criticar a outra, sendo pior ainda uma mãe criticar uma gestante, isso sim é um desserviço. Uma opinião que não deveria ter ido pro ar, que fez leitores questionarem a ausência de um editor chefe no jornal Folha diante de palavras totalmente desnecessárias.  

 

São por pautas assim, que devemos lutar contra esse tipo de jornalismo, as consequências dessas publicações são sempre enormes, perdem não só as mães, mulheres, mas também, nós, os próprios jornalistas.


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quinta-feira, 6 de outubro de 2022

PROGRAMAS ESPORTIVOS EM TV: NOTAS INTRODUTÓRIAS

Por Ígor Borges

Os tipos de proximidade e abordagem com o consumidor


Os programas esportivos na TV, aberta e especialmente fechada, brasileira se baseiam em comentários, análises e reportagens relacionadas aos jogos, acontecimentos e fatos ligados ao âmbito. Todavia, são várias as maneiras de abordagem entre esses programas, seja pelo público que acompanha, pela rede televisiva, pelos profissionais ou pelo enfoque do mesmo. Além disso, pode-se considerar que cada meio é diferente de outro, mesmo que os assuntos ou os fatos sejam idênticos.

Dito isso, analisando dois programas esportivos de emissoras diferentes, percebem-se as diferenças de abordagem, uso de termos, enfoque, nível de “expertise” por parte dos apresentadores e repórteres. Essa diferença pode ser explicada por dois fatores: as duas emissoras em questão tratam-se de uma aberta e uma fechada; o público alvo e os profissionais se divergem bastante. 

Um dos programas analisados foi o Jogo Aberto, da TV Bandeirantes. Enquanto isso, a segunda análise foi feita com o Linha de Passe, da TV fechada do grupo Disney, a ESPN, focada na programação esportiva. 


Jogo Aberto

O programa da Band é transmitido de segunda a sexta, durante o período da manhã/almoço e é marcado pela sua bancada. Os apresentadores, Renata Fan e Denílson Show, realizam um giro pelas matérias dos clubes de futebol, mais especificamente dos clubes do Brasil. O programa possui diferentes versões conforme o estado de transmissão, sendo que o analisado, é transmitido pelo estado de São Paulo, e, portanto, foca nos clubes dessa região.

O Jogo Aberto é dividido em duas partes. A primeira delas faz um giro pelos principais acontecimentos esportivos do dia, mostra resultados de jogos, reportagens do dia a dia dos clubes, gols da rodada. Ela ainda conta com pequenos comentários dos apresentadores entre as matérias, sempre de uma forma leve e com linguagem coloquial, e com a presença de brincadeiras e momentos de descontração. 

Na segunda metade do programa, ocorre o debate entre os apresentadores, de que participam outros, outros integrantes são acrescidos ao programa, tais como o ex goleiro Ronaldo Giovanelli, o narrador Ulisses Costa, e o comentarista Heverton Guimarães. Nesse período, o debate discorre sobre o principal assunto do dia, e ocasionalmente, ocorrem “zoações” entre os apresentadores, que nesse caso, tem seus clubes do coração revelados ao público. Um exemplo disso, é a tradicional “maca do eliminado”, que ocorreu em um dos dias analisados, com Denílson Show sofrendo a cena pela eliminação do Palmeiras na Libertadores. 


Linha de Passe

Transmitido todas as segundas, quartas, quintas-feiras e domingos, o Linha de Passe é um dos carros chefes da ESPN Brasil, rede de televisão fechada focada em esportes. No programa, são debatidos vários assuntos recorrentes aos fatos esportivos dos últimos dias, além da apresentação de resultados, matérias e entrevistas exclusivas. Comumente, o programa é apresentado pelos jornalistas mais badalados da emissora, tais como Paulo Andrade, Nivaldo Pietro, William Tavares, além dos escalados nos jogos da rodada, os quais entram ao vivo para comentar sobre.  Durante o desenrolar das pautas, os comentaristas abordam os jogos em si, com análises táticas, discussões acerca de arbitragem, e das polêmicas do extracampo. 

O programa conta com o debate como principal engajamento, uma vez que, os jornalistas presentes na mesa, possuem opiniões fortes e têm discussões pertinentes sobre os assuntos abordados. Além disso, o Linha de Passe possui uma linguagem mais técnica sobre os esportes (majoritariamente futebolística), e por isso, é mais aclamado pelo público que acompanha arduamente, não só seu time do coração, mas todos as partidas de futebol possíveis. Nesse caso, diferentemente dos programas de TV aberta, os apresentadores mantêm seus times do coração ocultos, a fim de evitar mais polêmicas. 


A título de comparação 

Enfim, a discussão entre os dois programas é a seguinte: cada um deles lida com públicos, “chefes” e níveis de abordagem diferentes. Toda a cobertura e possivelmente, proximidade com o fato, varia de emissora para emissora. Com isso, dá a se entender que, o Jogo Aberto, da televisão aberta, busca aproximar o telespectador do programa, utilizando de técnicas e personagens que prezam pelo entretenimento e por uma discussão “rasa”, ou que não se torna massivo ao público. Uma vez que, a Band teria mais variedade de acompanhantes, seja o torcedor, a dona de casa, a criança, o adulto, etc.

Por outro lado, o Linha de Passe faz o caminho “inverso”, ao invés de aproximar novos espectadores, entende-se que ele se preocupa em manter os que já estão fidelizados. Para isso, seu padrão de abordagem é técnico e que necessita de um entendimento maior do público. Isso é dado, de forma que seus telespectadores sejam, supostamente, amantes do esporte, e com isso, já tenham conhecimento sobre o assunto, buscando apenas se informar ou ouvir outra opinião de especialistas. 


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O Agro e a omissão da mídia no período eleitoral do Brasil

Por Laís Abreu


Como já tratamos aqui no Pluris, a forma como a mídia retrata o conteúdo ambiental é vaga e pobre, apresentando sempre um contexto básico sobre assunto, às vezes com manchetes exageradas, seguindo os interesses mercadológicos, focando em uma espécie de chamariz sensacionalista, que a linguagem da comunicação digital tem chamado de “clickbait”, mas sem trazer, todavia, informações de fato relevantes, sem despertar consciência e cidadania nas pessoas.  

 

Durante o período eleitoral de 2022, um levantamento feito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontou que sócios de empresas ligadas ao agronegócio desembolsaram R$15,3 milhões para campanhas de 480 candidatos, sendo um terço desse valor para o PL, partido do atual presidente do Brasil e candidato à reeleição. O que não nos surpreende são os breves relatos sobre essas notícias na mídia brasileira.  

 

Não é novidade que os grandes grupos econômicos de mídias são silenciadas, por complacência ou interesse mútuo, pelos “donos do agronegócio”, principalmente a Rede Globo, com a Campanha “Agro é Pop, Agro é Tech, Agro é tudo”. A negligência em relação ao modo de vida dos pequenos produtores rurais acontece quando tentam passar uma imagem moderna e positiva do agronegócio. Dessa forma, ao deixarem de lado as notícias sobre o investimento agro na campanha do atual presidente, a emissora apenas reforça seus interesses empresariais.  

 

É válido salientar que, durante o seu mandato, Jair Bolsonaro atuou para flexibilizar regras ambientais, reduziu multas, aprovou novos agrotóxicos, além de flexibilizar o armamento para os moradores de áreas rurais. A expansão do agro neste governo e a permanência de um grupo no poder só enfatiza cada vez mais o quanto o Agro é mais tóxico do que Pop.  

 

Ao jornalismo, é necessário acabar com esse retrocesso. Até quando nossos colegas de profissão continuarão silenciados por uma parcela da sociedade? Até quando silenciarão - por autocensura ou igual complacência? Até que ponto vale vender a ética profissional? A omissão sobre a verdadeira versão do agronegócio está tomando uma proporção cada vez maior e cabe a nós mesmos, os jornalistas, mudarmos esse rumo. 

 

As pautas ambientais gritam cada vez mais por nossas coberturas, é preciso propagar veracidade e conscientização.  O agro não é Tech, e não é Tudo, como reproduz a Rede Globo. O agro é também trabalho escravo, desemprego, fome, desmatamento. O agro é agrotóxico, conflitos por terras e desigualdade no campo. E quem perde com isso é sempre a sociedade e claro, a dignidade profissional do jornalismo. 


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