Como a adoção de IA nas diretrizes do Grupo Globo é reflexo dos novos rumos do jornalismo
Por Heloisa De Tofoli e Victoria Ribeiro
1) Transparência e supervisão humana
2) Apuração, produção e distribuição de jornalismo com auxílio de IA
3) Direitos autorais e governança
Na primeira subseção, o princípio editorial diz que a inteligência artificial adotada tem como objetivo produzir informação de qualidade: “isenta, correta e prestada com rapidez."
O documento destaca a “facilitação” da imparcialidade com a utilização desse novo recurso, tendo em vista que essa ferramenta garante não adotar uma posição, porém como podemos afirmar que o conteúdo produzido por IA será isento de opinião se o que treina essas máquinas é o conjunto de dados produzidos pelos humanos em interação social? Houvesse “neutralidade”, não haveria uma série de denúncias sobre sexismo, racismo e eurocentrismo algorítmico. AIA usa tudo o que é publicado na internet como banco de dados, o qual está repleto de subjetividade e enviesamento.
Ademais, para refletirmos sobre a veracidade dos conteúdos indicados pela IA como fonte de informação, decidimos perguntar ao Chat Generative Pre-trained Transformer (ChatGPT), chatbot desenvolvido pela OpenAI que interage por meio de chat e tem a capacidade de responder diversas questões em uma conversa mais “humanizada”, quando foi realizada a sua última atualização do banco de dados e obtivemos como resposta o ano de 2022 sem previsão para o carregamento de novos dados. Portanto, concluímos que tal fator poderá comprometer a credibilidade dos conteúdos produzidos pelos jornalistas, visto que as informações se encontram desatualizadas, logo a circulação de fake news cresceu.
Nesse contexto, o uso dessa ferramenta no campo jornalístico contribuiu para o aumento da responsabilidade sobre o jornalista, visto que o profissional será responsabilizado pela verificação dos fatos e penalizado caso o conteúdo produzido pela inteligência artificial apresente irregularidades.
“A responsabilidade final pelo conteúdo veiculado,
entretanto, será sempre dos profissionais envolvidos, e
os jornalistas vão adotar estratégias para que eventuais
erros e enviesamentos produzidos pela inteligência-e,
de resto, por qualquer tecnologia usada- não resultem em erros
ou enviesamentos na cobertura jornalística.”
“A utilização de ferramentas de Inteligência Artificial
pelo Grupo Globo deve sempre observar e respeitar
rigorosamente os direitos autorais e a propriedade
intelectual, tanto em relação ao conteúdo de terceiros
quanto aos materiais próprios.”
Todavia, como garantir que os direitos autorais serão preservados, uma vez que a IA utiliza toda e qualquer informação contida na rede?
Essa é uma questão que pode se relacionar com a repetição de dados e a tendência do algoritmo, visto que os próprios jornalistas utilizam materiais de diferentes jornais como fonte para tratar de um único tema e o mesmo ocorrerá com as ferramentas digitais. Porém, para garantir o crédito ao site ou profissional, será necessário também que o jornalista faça uma verificação.
Desse modo, podemos concluir que a utilização da inteligência artificial pode trazer benefícios e malefícios dentro da profissão, porém é evidente que a ferramenta marca os novos rumos do jornalismo e que o seu uso deve ser debatido de forma cautelosa, assim como a regulamentação do profissional jornalista.
Parabéns pelo texto!
ResponderExcluirDissertação boa e excelente escrita!