A inteligência artificial veio para ficar, mas ainda é necessário debater sobre o impacto dela nas redações
Por Lais Abreu,
O jornalismo brasileiro tem passado por uma transformação significativa nos últimos anos, com a incorporação crescente de tecnologias avançadas, incluindo a inteligência artificial (IA). Essa integração está moldando tanto a produção quanto a distribuição de notícias, trazendo novas oportunidades e desafios para o setor.
Antes de dar continuidade ao segundo parágrafo, é válido ressaltar que o parágrafo acima foi escrito pelo ChatGpt, em alguns segundos, após o comando: “Escreva sobre jornalismo brasileiro e a inteligência artificial”. Você conseguiria notar alguma diferença? O que vem a partir de agora foi feito por mim, Lais Abreu, estudante de jornalismo do 7º período.
Não dá para negar que a inteligência artificial veio para ficar e que está sim transformando o jornalismo e possibilitando novas formas para a cobertura de notícias, mas, como o próprio chat descreve, ela também vem trazendo novos desafios para o setor. A IA é capaz de processar grandes quantidades de dados, auxiliar em tarefas repetitivas (agendas, por exemplo), além de ajudar a corrigir erros e desinformação, o que seria ótimo se parasse só por aí.
No dia 27 de junho deste ano, o Grupo Globo transmitiu uma reportagem no Jornal Nacional informando que atualizou os princípios editoriais para incluir orientações sobre o uso de inteligência artificial na produção jornalística em todas as suas redações. Diz o texto:
“O objetivo é encorajar testes e uso dessa tecnologia – que amplia de forma disruptiva a capacidade de processamento e geração de informações – como um meio para aprimorar a qualidade do jornalismo, mantendo o compromisso com a isenção, a correção e a agilidade.
As orientações estabelecem que o uso de inteligência artificial nas redações do Grupo Globo deve ter:
supervisão humana;
ser transparente com o público;
e respeitar os direitos autorais – próprios e de terceiros.”
O uso da inteligência artificial já faz parte da realidade de muitas empresas de mídia como os jornais “The New York Times” e “The Guardian”, as redes de televisão PBS (EUA) e CBC (Canadá) e as agências de notícias Associated Press, France Presse e Reuters, por exemplo, que divulgaram documentos sobre o tema nos últimos meses. Mas ainda há muito debate sobre a qualidade do conteúdo produzido através dessa tecnologia.
As opiniões entre os profissionais jornalistas se dividem entre o conforto e deslumbramento de poder utilizar de uma tecnologia que poupa minutos em uma profissão cujo tempo é escasso e nosso maior aliado, e o medo de perder e ser substituído por uma máquina. Afinal qual será a necessidade de as grandes mídias manterem jornalistas empregados se um robô pode redigir textos em minutos?
A boa notícia é que a inteligência artificial trabalha em cima das informações já disponíveis na internet, que até hoje foram produzidas por nós humanos, ou seja, a matéria prima ainda vem da criatividade humana em deixar disponível livros, artigos e textos por aqui. No entanto, também existe o lado ruim da história, uma vez que a internet é poluída de desinformação, fake News e muito mais. Então como evitar a produção de notícias baseadas em mentiras e fraudes?
A tecnologia deve ser usada como ferramenta para complementar e nunca como substituta da investigação humana. Ela pode ajudar a produzir notícias mais precisas, mas é de responsabilidade do jornalista garantir a confiabilidade e a integridade da informação. E se é através dela que pode ser gerada desinformação, é através dela que também deve ser combatida a mesma.
Após solicitar ao ChatGPT uma breve resposta sobre inteligência artificial e disseminação de notícias falsas, achei válido ressaltar sua resposta:
Prevenção e Mitigação
Para combater esses desafios, é essencial o desenvolvimento de ferramentas avançadas de verificação de fatos e monitoramento, baseadas em IA, que possam identificar e neutralizar notícias falsas antes que se espalhem. Além disso, a educação do público sobre a identificação de desinformação e a promoção de práticas de consumo crítico de mídia são fundamentais para mitigar o impacto das notícias falsas geradas por IA.
Em resumo, enquanto a IA oferece poderosas ferramentas para a criação e disseminação de desinformação, também possui o potencial para ser uma aliada crucial na defesa contra essas ameaças, se aplicada de forma ética e responsável.
Concluímos então que: concordamos com o Chat. O segredo do presente e, claro, do futuro jornalístico, é combater o fogo com fogo. Jornalismo é atividade humana - e sim!, a inteligência artificial é uma máquina produzida e alimentada por humanos. Mas o que querem os humanos que produzem essas máquinas? Porque eles querem algo - e esse algo não necessariamente é coincidente com o interesse coletivo. Com ou sem IA, o jornalismo exige o trabalho meticuloso de escavar, depurar e dar forma a histórias. E isso máquina nenhuma consegue ou conseguirá fazer.