O caso de Giovanna Blasi e a discussão sobre saúde mental nas redes sociais
Por Lais Abreu e Maria Eduarda Salgado
Nos últimos tempos, após uma reportagem no Fantástico sobre Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI), as redes sociais e a mídia foram inundadas com a história de Giovanna Blasi, uma jovem de 21 anos que ao ser entrevistada pelo programa afirmou conviver com o transtorno, uma condição psiquiátrica rara e severa. O caso de Giovanna trouxe à tona uma série de debates e controvérsias sobre a autenticidade de seu diagnóstico e a forma como ela escolheu compartilhar sua experiência com o público.
Em um mundo cada vez mais consciente da importância da saúde mental, é fundamental abordar essas questões com sensibilidade e precisão. Em primeira análise, vale ressaltar que naquele domingo, 20 de agosto, o Fantástico já esperava uma grande audiência, considerando que na edição anterior conquistou o maior índice com 22,5 pontos de pico, devido ao caso de Larissa Manoela, já citado aqui no Pluris. Sendo assim, com a segunda parte da entrevista da jovem, o programa estaria mantendo a atenção do público. Dessa forma, é importante analisar que a escolha do tema, exposto logo após a reportagem de maior audiência, foi uma escolha bem feita.
O programa conduziu a reportagem de maneira clara, iluminando a sociedade sobre a necessidade de se falar sobre o assunto. Em um trecho, a repórter Ana Carolina Raimundi chega a dizer: “A gente sabe que muita gente vai duvidar do transtorno, dizer que é tudo invenção, mas é preciso deixar claro aqui que se uma pessoa diz ter uma doença mental seja ela qual for, não cabe ao outro questionar, isso é um assunto para os profissionais de saúde que atendem essa pessoa, provavelmente ela está em sofrimento e precisa ser acolhida e não maltratada.”
Após o programa, Giovanna Blasi, entrevistada, ganhou destaque ao listar 18 identidades que alega conviver, todas com nomes distintos. No entanto, ainda que o jornalismo tenha feito sua parte na questão do alerta, sua história suscitou ceticismo, e não apenas entre leigos, mas também entre psicólogos e estudiosos da área.
Um ponto de discussão relevante é a aparente falta de consistência nas descrições de Giovanna sobre suas identidades e como elas se manifestam. Especialistas apontaram que o TDI geralmente envolve lapsos de memória e uma incapacidade de lembrar eventos que ocorreram durante a alternância de personalidades. A capacidade de Giovanna de nomear suas identidades e descrevê-las de forma coerente suscitou dúvidas sobre a precisão do diagnóstico. Após toda repercussão nas redes sociais, foi descoberto a ausência de um laudo oficial sobre o transtorno da jovem.
A espetacularização do transtorno é outra questão debatida. A exposição pública de problemas de saúde mental é sim uma ferramenta poderosa para aumentar a conscientização e oferecer apoio àqueles que enfrentam desafios semelhantes. No entanto, a forma como Giovanna escolheu representar o TDI nas redes sociais levantou preocupações. A transformação do transtorno em personagens para vídeos pode minimizar a seriedade da condição e potencialmente prejudicar a compreensão do público sobre a realidade das pessoas que vivenciam o TDI.
Dessa forma, a irresponsabilidade da jovem com a espetacularização e a ausência de rigor técnico do programa Fantástico, refletem como a mídia e sociedade ainda precisam evoluir com a checagem de fontes. O mínimo, como forma de conscientização social para o programa, deveria ter sido feita uma retratação, informando ao público a ausência de laudo da entrevistada, e como é necessário o cuidado com um assunto tão sério.
Com isso, o caso de Giovanna Blasi com o Fantástico ilustra a complexidade das questões relacionadas à saúde mental e à representação pública. É importante abordar essas questões com empatia e cuidado, garantindo ao mesmo tempo a precisão e a responsabilidade na divulgação de informações sobre transtornos psicológicos, além da checagem dos fatos.
Independentemente das dúvidas em torno do caso de Giovanna, seu exemplo ressalta a necessidade contínua de educação e compreensão em relação à saúde mental em nossa sociedade, além da importância do jornalismo em reconhecer quando um erro é cometido, afinal, pessoas sempre serão afetadas com as informações e notícias que produzimos.
Marilaine
ResponderExcluirExcelente colocação!!! 👏👏👏👏
ResponderExcluirMuito bem colocado
ResponderExcluirExcelente colocação! Parabéns!
ResponderExcluirTexto excelente!!
ResponderExcluirA falta de dinamismo no texto se deve à estrutura densa, com parágrafos longos, tornando a leitura menos envolvente. A introdução e a conclusão poderiam ser mais concisas, com parágrafos mais curtos e frases diretas para facilitar a leitura e tornar o texto mais dinâmico. O conteúdo ficou bom!
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