A mídia tradicional se preocupa com o desenvolvimento do país? Como veículos de imprensa atuam como panfletos do mercado financeiro? Por que jornais de grande relevância como Estadão e Folha de São Paulo se posicionam a favor de medidas que beneficiam a Faria Lima e se opõem a medidas de crescimento do país?
Por Vitor Faria Silveira
Há quarenta anos o neoliberalismo surgia no mundo capitalista como uma norma forma de organização das relações de trabalho, que se caracterizou pelo desmonte do welfare state, o estado de bem-estar social, e com ele um processo agudo de precarização, por meio da desregulamentação, do trabalho. A produção por estoque estava em crise no capitalismo industrial, passando a dar lugar à produção por demanda, o que levou à prevalência do capitalismo financeiro sobre o capitalismo produtivo..
O sonho do capital sempre foi se desvencilhar da produção de mercadoria e acumular por si próprio, se libertando da dependência da indústria e tornando-se auto-acumulativo. Fazendo uma analogia à Biologia, isso é semelhante à forma como um câncer se origina, expande e entra em processo de metástase. Mas aqui o assunto é econômico para chegar à imprensa tradicional.
O neoliberalismo foi o “modo de produção” que permitiu ao capitalismo tornar-se financeiro, buscando capturar o Estado e seus serviços para a propriedade do capital, fazendo-o acumular descontroladamente. Aquela ideologia de que “Estado mínimo é um estado eficiente” mostrava-se uma falácia e o capital percebeu isso.
Após a eleição do presidente Lula, em 2022, a Folha, se juntando ao Estadão, passa a pregar contra as propostas do então governo eleito para a gestão do país. Prova disso é a alta ofensiva contra o presidente que critica a alta da Selic e passa a defender ostensivamente a manutenção da taxa em 13,75%, com o uso da mesma justificativa do diretor do BC, Roberto Campos Neto, indicado por Jair Bolsonaro, presidente da República até 2022, que diz que a taxa de juros se mantém devido a alta da inflação por demanda.
A justificativa mostra-se uma falácia de proporções gigantescas, já que o consumo das famílias está em níveis absurdamente baixos, a quantidade de dinheiro circulante na praça também é pífio, enquanto os lucros registrados pelos bancos e o aumento do patrimônio e fortunas dos maiores bilionários/milionários do Brasil é gigantesco.
Jornais como o Estadão e a Folha não obtêm lucros do consumo de conteúdo produzido por eles mais, eles arrecadam dividendos através de entidades financeiras que fazem parte do conglomerado de empresas às quais ambos os jornais pertencem. Prova disso é a queda de qualidade dos conteúdos produzidos pelos seus jornalistas, que elaboram materiais de baixa qualidade se tratando de pautas econômicas, opiniões acerca de questões político-econômicas e justificativas que defendem posições neoliberais.
Pode-se perceber que tais veículos, somado a emissoras tradicionais neoliberais, não prezam pelo crescimento do país, pela redução da distância entre as classes sociais e pela promoção de um país melhor para se viver. A mídia tradicional neoliberal preza, claramente pelos privilégios e rentismo promovido pela financeirização, já que veículos como o Estadão, a Folha, Grupo Globo, CNN e outros grupos, são entidades que estão imersas na financeirização. Portanto medidas governamentais que visam o progresso soam ameaçadoras aos interesses da financeirização.
Na financeirização, jornalistas com visão progressista e desenvolvimentista são colocados de lado, enquanto profissionais da mídia com posicionamento financeirizado possuem maior espaço de visibilidade e atuação nos veículos de grande porte como são a mídia tradicional no Brasil.
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