Por Sarah Faria Santos
Iniciativa de Mano Brown em seu podcast indica caminho para enfrentar a indústria de fake news
Fake news, ou notícias falsas em tradução literal, são informações que não representam a realidade, mas que são compartilhadas na internet como se fossem verídicas, principalmente através das redes sociais. Nos últimos tempos a propagação de notícias falsas aumentou consideravelmente, segundo dados da ‘CNN Brasil’, no Brasil, quatro em cada dez pessoas afirmam receber notícias falsas todos os dias.
Se o argumento de que o fenômeno das notícias falsas não é recente e de que sempre houve estratégias de produzir boatos a fim de atingir concorrentes ou adversários parece verdadeiro, é preciso esclarecer: as fake news se distinguem por serem produto de uma indústria gerida por governos e grandes corporações globais, produzidas e consumidas em larga escala, graças ao alcance das redes sociais. Estamos diante portanto de um exército poderoso de manipulação do espírito humano, uma real ameaça às democracias.
Quando nos vemos cercados de desinformação e sensacionalismo, acabamos notando a interferência direta em nossas vidas, no nosso psicológico e até mesmo na intensificação e na propagação de preconceitos e estereótipos já enraizados na nossa sociedade. A busca por estratégias de enfrentamento aos males da desinformação global tem mobilizado inúmeros atores - alguns, como o rapper Mano Brown, líder do icônico grupo Racionais MC, em seu podcast Mano a Mano têm se mostrado uma grande aliada.
O Mano a Mano, no ar desde 2021, conquistou um grande público e relevância ao longo de suas temporadas, se tornando o segundo podcast mais ouvido do Brasil no Spotify no ano em que foi criado. Em uma entrevista com a jornalista recém-falecida Glória Maria, Brown diz: “Comunicar é respeitar. Falar sem se importar com o que os outros vão entender é desrespeito". Para ele, o principal foco é o público jovem, que busca se informar por meio do podcast. "Se você não olhar para o jovem, você não está pensando no futuro", acredita Brown. "O legado é falar para os mais jovens sempre. Se eles não entenderem, faça-se ser entendido", complementa.
O artista traz diversos debates populares importantes para o programa, como racismo, segurança pública e descriminalização da maconha por exemplo, num esforço de conseguir fazer com que o Mano a Mano seja um agente de mudança para quem o consome.
Diferentemente de outros criadores, Mano Brown possui em sua equipe uma consultora jornalística que atua como co-apresentadora do programa, a Semayat Oliveira. Ela tem a missão de dar ‘apoio jornalístico’ ao rapper, colaborando com pesquisas e na construção dos roteiros. Semayat ganhou destaque por suas inserções durante os debates.
A iniciativa do artista de ter o compromisso com os fatos e buscar investir em sua assessoria e em apoio jornalístico diz muito sobre o sucesso do programa. Ao mesmo tempo, abre portas para profissionais da área de comunicação e informação e também deixa uma porta aberta para que as demais organizações midiáticas e programas tenham um pouco mais de tato e muito mais compromisso com o tratamento ético de informações que se sustentam nos acontecimentos, estejam eles dentro ou fora de meu espectro ideológico.
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