Por Laís Abreu
Como já tratamos aqui no Pluris, a forma como a mídia retrata o conteúdo ambiental é vaga e pobre, apresentando sempre um contexto básico sobre assunto, às vezes com manchetes exageradas, seguindo os interesses mercadológicos, focando em uma espécie de chamariz sensacionalista, que a linguagem da comunicação digital tem chamado de “clickbait”, mas sem trazer, todavia, informações de fato relevantes, sem despertar consciência e cidadania nas pessoas.
Durante o período eleitoral de 2022, um levantamento feito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontou que sócios de empresas ligadas ao agronegócio desembolsaram R$15,3 milhões para campanhas de 480 candidatos, sendo um terço desse valor para o PL, partido do atual presidente do Brasil e candidato à reeleição. O que não nos surpreende são os breves relatos sobre essas notícias na mídia brasileira.
Não é novidade que os grandes grupos econômicos de mídias são silenciadas, por complacência ou interesse mútuo, pelos “donos do agronegócio”, principalmente a Rede Globo, com a Campanha “Agro é Pop, Agro é Tech, Agro é tudo”. A negligência em relação ao modo de vida dos pequenos produtores rurais acontece quando tentam passar uma imagem moderna e positiva do agronegócio. Dessa forma, ao deixarem de lado as notícias sobre o investimento agro na campanha do atual presidente, a emissora apenas reforça seus interesses empresariais.
É válido salientar que, durante o seu mandato, Jair Bolsonaro atuou para flexibilizar regras ambientais, reduziu multas, aprovou novos agrotóxicos, além de flexibilizar o armamento para os moradores de áreas rurais. A expansão do agro neste governo e a permanência de um grupo no poder só enfatiza cada vez mais o quanto o Agro é mais tóxico do que Pop.
Ao jornalismo, é necessário acabar com esse retrocesso. Até quando nossos colegas de profissão continuarão silenciados por uma parcela da sociedade? Até quando silenciarão - por autocensura ou igual complacência? Até que ponto vale vender a ética profissional? A omissão sobre a verdadeira versão do agronegócio está tomando uma proporção cada vez maior e cabe a nós mesmos, os jornalistas, mudarmos esse rumo.
As pautas ambientais gritam cada vez mais por nossas coberturas, é preciso propagar veracidade e conscientização. O agro não é Tech, e não é Tudo, como reproduz a Rede Globo. O agro é também trabalho escravo, desemprego, fome, desmatamento. O agro é agrotóxico, conflitos por terras e desigualdade no campo. E quem perde com isso é sempre a sociedade e claro, a dignidade profissional do jornalismo.
Texto muito importante e interessante!! Parabéns Laís e aos integrantes do projeto, arrasam sempre!!!
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