Por Igor Lemos
Infelizmente, um dos maiores problemas sociais até a atualidade é o racismo e os diversos preconceitos com o próximo. Tais comportamentos estão presentes em vários meios da sociedade, seja no trabalho, ambiente escolar, locais públicos. No futebol, casos assim ocorrem com certa frequência, e é claro, a mídia sempre retrata esses acontecimentos com a gravidade necessária.
Na partida entre São Paulo e Fluminense, no dia 17 de julho, e que correspondia à 17ª rodada do Campeonato Brasileiro, houve uma denúncia em forma de vídeo, por parte de um torcedor da equipe carioca. O tricolor carioca, que não foi identificado pelas mídias alegou em seu vídeo que um são paulino estava fazendo gestos de macaco em direção a ele, como forma de ofensa. Os clubes, por sua vez, deixaram em suas redes sociais, manifestações contra a atitude.
Entretanto, os veículos comunicativos, abordam o caso de formas diferentes. O vídeo, embora seja claro e nítido, dá margem de abertura para outras compreensões, como por exemplo, a imitação de um “cara forte”, assim redigido pelo portal da UOL, em uma de suas matérias do caso.
As abordagens
O caso é abordado através dos dois lados da história, tanto do torcedor vítima, quanto do praticante. O UOL faz suas matérias do caso em razão da hipótese de o gesto simbolizar outra coisa, e não o ato de racismo. O Globo Esporte trabalha o caso de forma indiscutível, quase afirmando que o crime ocorreu.
De certa forma, essa discussão é plausível e “normal”, tratando-se do fato de opiniões jornalísticas fortes, e que expressam dois lados da moeda. Porém, o que deixa a situação controversa é o “bairrismo” das abordagens.
No mundo esportivo, casos de racismo geram punições aos clubes, desde multas, perdas de mando de campo, jogos sem torcida, entre outros. E com isso, cada portal pode estar pesando o lado do seu clube mais próximo. Nesse caso, o GE estaria acusando o caso, que foi contra um torcedor do Fluminense, clube carioca, cujo Estado abriga a maior parte do complexo produtivo e é o berço do grupo Globo. Já o UOL é um portal paulista, que perderia muito com uma possível punição do São Paulo.
Até o momento, o caso está sendo apurado pelo Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e deve ser solucionado em breve. Já as mídias, vão continuar noticiando sobre o ocorrido, até o veredito final. As abordagens, todavia, mal alimentam o necessário debate sobre o racismo e o papel de uma indústria poderosa como a do futebol no combate a ele. Sem medo de errar, podemos dizer que, nesse, como em outros casos, a mídia esportiva é um agente do subdesenvolvimento brasileiro.
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