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segunda-feira, 15 de agosto de 2022

A cobertura ambiental e a seca no jornalismo brasileiro

 A necessidade de compreender mais sobre assuntos ambientais e não se iludir com frases como “Agro é pop” 

 

Por Lais Abreu, 

 

Nos últimos anos, presenciamos no Brasil uma série de propagandas e reportagens do agronegócio, campanhas como “Agro é Pop, Agro é Tech, Agro é tudo”, circularam fortemente por todo território nacional. Embora seja uma publicidade, é de responsabilidade da empresa jornalística manter uma postura ética diante do silêncio sobre os problemas ambientais que essa indústria traz ao país. 

 

A campanha que se intitula como “Agro: a Indústria-Riqueza do Brasil” tem como objetivo alegado a conexão entre o consumidor eo produtor rural, e ao mesmo tempo desmistificar a produção agrícola aos olhos da sociedade urbana. No entanto, é importante ressaltar que a emissora é financiada por pessoas e empresas ligadas ao setor do agronegócio - e ela própria faz parte de um grupo econômico que tem entre seus negócios o “agro”. Desse modo, busca sempre criar uma imagem moderna e positiva do sistema capitalista no campo, negligenciando as relações e modo de vida no ambiente rural que passa pelos pequenos produtores rurais e que exercem papel fundamental na produção agropecuária. 

 

Nessa perspectiva, é fundamental citar as ondas de calor no verão europeu 2022, em um momento em que o mundo inteiro está discutindo sobre os impactos climáticos, a preocupação com crise hídrica e a relação do agronegócio com a devastação ambiental, o jornalismo brasileiro se omite, noticiando apenas o que lhes convém. Sendo assim, tais questões ambientais passam pelos noticiários da imprensa, mas os fatos noticiados nesta grande mídia não são destrinchados em uma perspectiva crítica e alarmante aos telespectadores sobre a verdadeira versão do agronegócio. 

 

A forma como a mídia retrata o conteúdo ambiental é leviana e pobre, apresentando sempre um contexto genérico do assunto de forma sensacionalista, seguindo os interesses mercadológicos, focando naquilo que o público quer ver, mas sem despertar consciência e cidadania nas pessoas. Os meios de comunicação precisam pensar em abordagens que vão muito além de noticiar os fatos, como as ondas de calor no euro summer, mas que também desenvolvam no ser humano reflexões que possibilitem a autocrítica das suas atitudes diante do meio ambiente. 

 

Além disso, é importante que o jornalismo brasileiro se desprenda da grande cadeia do agronegócio, haja vista que a própria Rede Globo oculta as informações dos telespectadores sobre como e por quem são produzidos os produtos agropecuários.

 

Diante disso, nota-se que as pautas ambientais são cada vez mais urgentes, enquanto os interesses dos “donos do agronegócio” as silenciam através da mídia. A defasagem não é apenas climática, mas também da sociedade e do mundo jornalístico.  


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