Por Ana Laura Corrêa
“Se uma pessoa diz que está chovendo, e outra diz que não está, a obrigação do jornalista não é citar os dois lados, mas olhar pela janela e descobrir a verdade.”
É com essa famosa frase de Jonathan Foster, professor de jornalismo da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, que iniciamos este texto para tratar da cobertura da mídia sobre a retomada das aulas presenciais na rede municipal de ensino em Divinópolis.
A volta dos alunos às escolas ocorrerá a partir de 4 de agosto. O retorno, no entanto, deve ser cercado de cuidados por parte dos estudantes, pais ou responsáveis, e instituições de ensino.
Mas quais cuidados são esses? A mídia não fala.
A volta, neste momento, é segura? Não há nem sinal dessa discussão.
Verificamos as matérias publicadas por três veículos de comunicação da cidade: Divinews, Jornal Agora e Sistema MPA. Os textos são adaptações de um release distribuído pela Prefeitura.
De acordo com as matérias, “A retomada das aulas presenciais será realizada com turmas reduzidas, carteiras afastadas e ambientes higienizados, de acordo com os protocolos sanitários ‒ em cada unidade escolar, há comissão interna para acompanhar o cumprimento das normas”.
E é aqui que entra a frase do início deste texto. Afinal, embora a Prefeitura tenha escrito em um release que está seguindo, em tese, todas as normas de prevenção, será que tais ações estão sendo/serão efetivamente colocadas em prática?
Os três textos citam uma cartilha “Retorno às aulas presenciais”, que traz ações para prevenir, minimizar ou eliminar os riscos de contaminação, mas nenhum dos três disponibiliza um link para o material ou diz de que maneira ele pode ser acessado.
Desse modo, além de não trazer à tona a importante discussão sobre se este é um momento realmente adequado ou não para o retorno das aulas, a imprensa ainda não aponta nem mesmo os cuidados básicos a serem adotados por estudantes, pais ou responsáveis, e instituições de ensino.
Enquanto isso, a médica infectologista divinopolitana Rosângela Guedes, em sua página no Instagram, ocupa o enorme vácuo deixado pela mídia e pela Prefeitura e esclarece em posts e nos stories as dúvidas de muitos pais e responsáveis desesperados à procura de informações. É uma excelente dica de pauta e fonte para os jornalistas. E pode render muitos cliques.
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