Por Maria Clara Ribeiro
Com nomenclatura original de Ace in the Hole, A Montanha dos Sete Abutres é uma produção cinematográfica do gênero drama, dirigida por Billy Wilder e lançada em junho de 1951. A trama tem como cenário principal Albuquerque, Novo México, uma cidade interiorana estadunidense. O título faz menção à postura de Charles Tatum, interpretado por Kirk Douglas, um repórter que ultrapassa quaisquer valores morais e profissionais para garantir a continuidade de sua suposta carreira, isto é, um “abutre”. Mas só jornalistas podem sê-lo?
A caminho de Escudero, para cobrir um episódio mediano para o jornal local onde trabalha, Tatum descobre que houve um acidente em uma mina, onde Leo Minosa, por Richard Benedict, se encontra preso. Para além do fato, o repórter convence Lorraine, por Jan Sterling, esposa de Minosa e o xerife Gus, por Ray Teal, para prolongar o processo de resgate e, com isso, abranger o alcance do desastre - para que ambos se tornassem reconhecidos e, consequentemente, ganhassem mais dinheiro. Esta atitude corroborou para atrair a atenção novos jornalistas e público curioso, atingindo níveis sensacionalistas.
Com duração de quase duas horas, a produção abrange, para além da narrativa envolvente de suspense, questões éticas acerca da prática da profissão jornalística. Com constantes conflitos morais, Tatum discute repetidas vezes com seu chefe Jacob Boot, por Porter Hall, acerca de questões humanitárias, como o respeito a quem está envolvido para além de uma personagem, mas que vivencia simultaneamente as consequências do fato e da notícia. Entretanto, chega o momento em que os embates éticos de Tatum se destinam a ele próprio, através de questionamentos sobre suas atitudes sensacionalistas e desumanas.
Porém, essa reflexão surge no momento que o repórter percebe que pode ter ido longe demais e colocado a vida de Minosa em risco real. O preço pela fama foi muito alto? Por isso, é relevante captar as mensagens impermeadas na obra. O roteiro, produzido por Walter Newman e Billy Wilder, é articulado para trazer reflexões não apenas aos comunicadores, mas ao público que os acompanha: ao passo que os profissionais devem se comprometer com a notícia sem moldá-la em interesses pessoais, os receptores devem não espetacularizar tudo que é visto; e isto não diz respeito às diferentes perspectivas de um fato, mas sim de que não cessem a busca pela verdade.
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