Por Camila Machado
O documentário “AmarElo – é tudo pra ontem” , lançado em 2020 pela Netflix, é uma viagem que te faz imergir na história, ou melhor dizendo, em muitas histórias. A trama gira em torno do novo álbum do rapper brasileiro Emicida, ou apenas Leandro para os íntimos. Enquanto apresenta as histórias por trás das músicas e a composição delas, o próprio Emicida faz uma contextualização que nos faz adentrar na história do rap, do samba e nos mostra como a história do Brasil é por natureza uma história negra.
É um documentário que fala de raça, mas sobretudo de luta, respeito, união, e necessidade de igualdade. Uma trama que dá voz e forma aos que por tempo demais foram apagados e sufocados nas narrativas da História, da música, do cinema, das artes. É um olhar para a grandiosidade e a força do povo que formou esse país. É ver a marca do povo negro na nossa arquitetura, na arte, na música, na culinária e em tudo que somos e construímos. É uma crítica ao racismo estrutural, a segregação de corpos negros de espaços específicos da cidade. É uma dose de realidade em relação a nossa sociedade brasileira. Uma narrativa que a mostra como ela é: racista. Uma sociedade que tem cor e que humilha e segrega “pessoas de cor”.
A coletividade é a base de AmarElo, não apenas do documentário, mas também do álbum que conta com colaborações preciosas que vão de Zeca Pagodinho à Fernanda Montenegro. O documentário nos permite conhecer as pessoas e histórias que deram origem a cada faixa do álbum lançado em 2019. Os trechos arrepiantes do show no Teatro Municipal de São Paulo em conjunto com a narração do próprio rapper ao explicar o porquê de realizar seu show no Municipal, simboliza a ocupação da comunidade negra aos lugares que sempre lhes foram negados e nos mostra como os espaços artísticos sempre excluíram a população negra. O estar em um teatro para a maioria daquelas pessoas era, e continua sendo para muitas outras, algo inimaginável.
AmaElo fala de amor e do elo que sempre manteve viva a esperança e a luta da comunidade negra. Do elo que une suas culturas, sua música, suas vidas e a nossa história. O filme cria uma narrativa que nos permite visualizar a linha - ou melhor o elo- que perpassa e une arte, política minorias e movimentos coletivos. Como o próprio Emicida afirma, o documentário foi pensando com base no triângulo “AmarElo + Samba + Modernismo”, construindo com muita sensibilidade e excelência uma história que une o passado, o presente e o futuro. Temos uma história de luta e esperança dando um novo contorno para a História.
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